
Anoitece...
Anoitece.
vejo-te...ali luz crepuscular
mergulhando na alma do rio.
Tu, chama de pecado, quase incêndio,
mergulhando no rio de minh'alma.
Eu,
árvore que não se fez lenha,
queimando-se por inteiro, ou quase,
nas aflições de sonhos reprimidos.
Agora,
a chuva cai, tímida, ressentida.
dentro de mim
a brasa corusca, luze, cresce, esmaece,
apaga, assume a cinza do nada.
No ocaso, o sol agonizando,
a tarde morrendo,
a vida silenciando,
a noite acontecendo.
A chuva estanca, pára,
a lua aparece, acontece,
desce o luar
sobre os muros quietos.
a existência é uma velha saudade
de velhos casarões.
tu, incêndio, realidade, alvoroço.
Eu, um passado sem regresso.
Não deve haver pecado após a morte.
(Claudius Hermann)