
Então ela caminhou lentamente pelo salão...
Via pessoas desconhecidas dançando efusivamente ao som de uma sinfonia qualquer, rodopiando suas vestimentas opacas, sujas, carregadas de poeira e mofo.
Observava que aquilo era um outro mundo, diferente de tudo que vivera até ali. Não sentia qualquer prazer em desfrutar daquela festa, somente o que pensava era em sair rapidamente sem ser notada.
Abaixou-se próximo à soleira, onde uma pequena planta seca repousava pacificamente e tornou a olhar o que se passava no local. Era como um remake de filme antigo... diferentes pessoas representando os mesmos personagens.
Ao se dar conta de que estava num ritual, assustou-se e correu até a porta que estava entreaberta. Antes que conseguisse alcançar a saída, percebeu que esta havia sido bruscamente fechada.
Uma mulher de rosto enrugado aproximava-se com olhar de ódio.... percebeu que todos a olhavam com fúria.
Imediatamente sentiu seu peito sangrar. Alguém havia enfiado um punhal em suas costas e o liquido rubro vertia por sobre suas vestes límpidas.
Ela olhou para trás e reconheceu seu algoz...
Sorriu!
Vagarosamente abriu a porta de saída e alcançou o outro lado, com o peito derretendo-se em um líquido vermelho-puro.
O tempo é implacável... a ferida deu lugar a uma cicatriz que, de tão bem cuidada, tornou-se praticamente imperceptível.
Então vestiu-se, preparou o salão e decidiu que- a partir daquele momento- ela era a dona da festa.
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